Fé e Antigo Testamento - Comentários da lição 5

Lição 05 – 22 a 28 de outubro de 2011
(Comentários do irmão César Pagani)

VERSO EM DESTAQUE: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro).” (Gl 3:13)
O Dr. Usher ilustra a salvação contando como ele a apresentara na Turquia, certa vez. Um homem chamado Ahmed queria saber como operava o perdão. Usher disse-lhe: Suponhamos que o senhor seja um rei e tem um filho que é meu amigo e que me tem forte amizade. Eu estou na prisão por causa de uma dívida contraída com o governo e que não consegui pagar. Seu filho chega até o senhor e diz:

-- Meu pai, meu amigo se encontra na prisão por causa de uma dívida; não poderia o senhor perdoá-lo e pô-lo em liberdade?

O senhor responde: -- Meu filho, eu também amo seu amigo e não quero que ele fique preso. Mas não posso simplesmente perdoá-lo, pois, se o fizesse, estaria prejudicando todo o povo. Devo tratar a todos igualmente.

-- Pois bem, meu pai. Permita que eu pague a dívida de meu amigo para livrá-lo da prisão.

-- Por certo, filho. Caso ele aceite sua fiança, não somente permitirei que você pague a dívida, mas também quero tomar parte nessa libertação.

O filho do rei, sem perguntar se eu aceitaria ou não, vai diretamente à carceragem e paga o débito exigível. A fiança é registrada nos livros próprios e minha dívida fica solvida. Ele recebe um comprovante de pagamento no qual se acha o selo do governo e realiza minha liberação.

Chega a mim e diz: -- Amigo, vamos embora. Eu paguei sua dívida.

Ora, eu posso tomar três decisões. Digo-lhe: “Não aceito que ninguém me faça favores; não quero ficar devendo favores a ninguém! Posso pensar e dizer: “Isso é bom demais para ser verdade. Não acredito!” Ou posso abraçar meu libertador, agradecendo-o pelo imenso benefício que me fez. Não tenho como retribuir-lhe o valor gasto, mas sempre lhe serei grato.

Qualquer das duas primeiras atitudes seria indigna e ingrata de minha parte. A terceira seria a única razoável a tomar.

O plano redentor de Deus é assim: Deus é o Rei, Jesus Cristo, Seu Filho, pagou minha fiança e também a de todos os homens. Creio nisso e estou liberto do pecado e da morte. Jamais poderei pagar a Cristo o que Ele fez por mim, mas ser-Lhe-ei eternamente agradecido.

O sapientíssimo Pai já preparara nas mais remotas eras da eternidade um plano de resgate e vida para quem dele necessitasse. Nos tempos do AT, desde o Gênesis, o Senhor procurou ensinar Seus filhos que a justiça que livra da morte eterna procede dEle e de ninguém mais.

Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer, será condenado. Assim sempre foi e sempre será até o dia final.

DOMINGO - Os insensatos gálatas

Paulo se vale do adjetivo grego anoētos (tolos, insanos, loucos) para diagnosticar a situação dos gálatas que se desviaram do puro Evangelho. Ora, o apóstolo lhes havia apresentado Cristo crucificado como Sacrifício Vicário todo-suficiente, no qual concentrar a fé para perdão dos pecados e salvação eterna. Ele procurou simplificar ao máximo o ensino para que ninguém se confundisse.

Agora lhe chega a notícia desagradável de que os recém-batizados haviam aceitado uma doutrina herética, confusa e nociva – o judaísmo cristão.

Duas perguntas perquiridoras, isto é, que exigem respostas bem pensadas: 1) Quem vos fascinou? De que maneira recebestes o Espírito?

Ora, a pregação de fé de Paulo sobre Cristo crucificado foi efetivada no coração dos gálatas pela operação do Espírito Santo. Portanto, era doutrina confirmada de maneira sobrenatural. Não foi a argumentação inteligente de Paulo que os convencera, mas o Espírito Santo.

Quem os fascinou ou hipnotizou? Os falsos mestres judeus pseudocristãos com sua armadilha teológica. Durante a audição das heresias da parte desses fraudulentos, que espírito confirmou-lhes a veracidade dessa “doutrina”? Certamente não foi o Espírito Santo, mas o espírito demoníaco.

“Satanás... procurará afastar-vos de Cristo, a fim de que vos torneis seus instrumentos em desviar outros, frustrando assim os planos de Deus. Ele é o pai da mentira, e tece uma rede de falsidade na qual vos prende com cordas de mentiras ao seu serviço. Quanto mais inteligentes fordes, quanto mais atraentes, tanto mais decididamente trabalhará ele a fim de persuadir-vos a depositar-lhe aos pés os talentos que possuís, e ajudá-lo a consumar seus fins em seduzir outros para debaixo de sua bandeira negra. Se tão-somente ele conseguir manter a cabeça envaidecida, ele o fará. Indaga Paulo: ‘Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade? ’ Gl 3:1. Satanás é o fascinador e tem atuado para que Cristo seja expelido do coração, e que ele próprio seja aí entronizado.” MM56, 336.

Agora, passando tão depressa da doutrina apostólica para as baboseiras judaicas, haviam repudiado a direção do Espírito através de toda a verdade, conforme a promessa do Cristo crucificado e ressurgido. Isso era muito grave aos olhos do apóstolo. A atitude volúvel desses crentes mostrava que não haviam dado continuidade ao aprendizado cristão pelo estudo das Escrituras. Estavam sem fundamento e qualquer vento de doutrina os extraviava. Sem o Espírito Santo, eram fácil presa para o grande enganador.

O legalismo que Cristo combatera em Sua vida terrestre como sendo de nenhuma utilidade, que Paulo advogara em seu testemunho, reintroduzira-se na igreja galáctica. Para os membros dessa congregação, Cristo morrera em vão, porque a “nova doutrina” afirmava que não necessitavam de Seus méritos.

Embora saibamos que a verdade seja progressiva – O Espírito nos guiará a toda a verdade – ninguém pode pôr outro fundamento doutrinário em lugar dos velhos marcos. Quer dizer, mudar a doutrina adventista que, segundo EGW, foi edificada sobre as Escrituras como muito jejum, oração e lágrimas. “Deus apreciaria que todo sentimento de fidelidade prevalecesse. Satanás pode habilmente disputar o jogo da vida com muitas pessoas, e ele age do modo mais disfarçado e enganador a fim de roubar a fé do povo de Deus e desencorajá-lo... Ele opera hoje como operou no Céu - dividir o povo de Deus justo nesta última fase da história da Terra. Procura criar dissensões e despertar contenda e discussões, e remover, se possível, os velhos marcos da verdade entregue ao povo de Deus. Ele procura fazer parecer como se o Senhor Se contradissesse a Si mesmo.” CSS, 19.

O Espírito Santo apascentará e guardará toda alma sincera que estuda Sua Palavra para progredir na verdade, tendo sua fé alicerçada nos antigos fundamentos que pertencem ao Evangelho eterno.

“Nosso povo precisa entender as razões de nossa fé e experiências passadas. Quão triste é que tantos deles pareçam pôr ilimitada confiança em homens que apresentam teorias tendentes a desarraigar-nos as teorias do passado e a remover os velhos marcos! Aqueles que podem ser tão facilmente levados por um falso espírito mostram que estiveram seguindo errado líder por algum tempo - tanto que não discernem estar-se apartando da fé, ou que não estão construindo sobre o verdadeiro fundamento. Necessitamos rogar a todos que ponham os óculos espirituais, que tenham os olhos ungidos para que possam ver claramente e discernir as colunas verdadeiras da fé. Então hão de conhecer que ‘o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus’. II Tm 2:19. Precisamos reviver os velhos sinais da fé uma vez entregue aos santos.” ME2, 25.

SEGUNDA - Alicerçados nas Escrituras

A fé pura e verdadeira se alicerça nas promessas e ensinos das Escrituras, uma vez que o primeiro passo da fé é conhecer a quem Se revelou como a Testemunha Fiel e Verdadeira, Aquele em quem habita corporalmente toda plenitude da divindade.

A fé em si, ou confiança em algo ou alguém, pode ser posta em outras coisas. Quando subo num ônibus ou tomo um táxi, tenho confiança que o desconhecido motorista tem capacidade suficiente para me levar a salvo aonde preciso ir. Quando faço compras nos supermercados, tenho confiança em que os produtos foram feitos e embalados com higiene e segurança. Quando cruzo uma faixa de pedestres, tenho fé de que ninguém vai ultrapassá-la com o farol ou sinaleira em vermelho (essa afirmação não vale para as grandes capitais do país). Ao assistir ao um telejornal, tenho “confiança” de que as notícias são verdadeiras traduções dos fatos (assim deveria ser o verdadeiro jornalismo noticioso, mas...).

Mas fé no Invisível exige revelação. Não conheceríamos absolutamente a Deus se Ele não Se revelasse ao mundo. Sabemos desde pequeninos que o Senhor se revela por Suas obras criadas, pelas Escrituras e, mormente, por Jesus Cristo (que por Sua vez é revelado nas Escrituras e pelo poder do Espírito Santo).

Veja a sincera recomendação da irmã White: “Não devem os testemunhos da irmã White ser postos na dianteira. A Palavra de Deus é a norma infalível. Não devem os Testemunhos substituir a Palavra. Devem todos os crentes manifestar grande cautela no expor cuidadosamente estes assuntos, e calai sempre que houverdes dito o suficiente. Provem todos a própria atitude por meio das Escrituras e fundamentem pela Palavra de Deus revelada todo ponto que vindicam ser verdade.” Carta 12, 1890.

Paulo chama a atenção para um ponto vital relevado na história de Abraão. Quando Deus lhe disse que através do Descendente do patriarca (o Messias) e de Sua descendência, todas as nações da Terra seriam abençoadas, estava-se referindo à mesma justiça de fé com que Abraão foi contemplado ao crer em Deus. As nações da Terra (hb. Goyim – mesma palavra usada para gentios) se tornariam também filhos de Abraão conforme a promessa. “E, se sois [vós, gentios gálatas] de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa.” (Gl 3:29)

O apóstolo diz que ele foi separado para evangelizar os gentios, conforme Deus havia prometido por intermédio de Seus profetas nas Sagradas Escrituras. Por isso, tinha ele cada vez mais firme o seu apostolado, ainda que caíssem os céus e a terra se abrisse. Comentando Rm 1:2, um exegeta evangélico disse: “[O texto “outrora prometido”] indica a necessária relação entre o Antigo e o Novo Testamentos. As Escrituras também são testemunhas da verdade do Evangelho.”

A justificação de Abraão recebida de Deus quando o Senhor ordenou-lhe que contasse as estrelas do espaço sideral, se ele pudesse, foi unicamente pela fé, porquanto nem um filho ele ainda possuía. Ele acreditou em cada Palavra que saiu da boca de Deus.

Creu: foi considerado justo! Em Gn 13:15, Deus prometeu dar a Terra não só aos descendentes de Abraão, mas a ele próprio. Ora, o patriarca morreu com 175 anos (Gn 25:7) e foi sepultado na caverna de Macpela, perto de Hebrom. O único pedaço deste mundo que ele herdou foi o de sua sepultura. Falhou a promessa de Deus com relação a ele? Não! Quando os justos herdarem a Terra, Abraão receberá o cumprimento daquilo que Deus lhe disse. A Palavra do Senhor jamais volta atrás. Precisamos crer nisso.

Nossa lição menciona Rm 9:17 entre os versos de estudo. Dá o exemplo bíblico da obstinação de Faraó que, a despeito de ouvir reiteradas vezes a Palavra de Deus, não fez dela sua diretriz.

“O propósito de Deus ao suscitar Faraó ou mantê-lo no trono era demonstrar Seu poder a ele e nele, e que o nome do Senhor fosse manifesto em toda a terra. Esse desígnio cumpriu-se na destruição de Faraó devido à sua obstinada resistência. Porém se cumpriria igualmente, e com melhor resultado para Faraó, se ele houvesse dado ouvidos à palavra de Deus. O rei do Egito viu o poder de Deus, porém recusou-se a crer. Se o fizesse teria sido salvo, porque o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

“Faraó tinha vontade obstinada. Sua característica principal era a resolução de propósito, a persistência, que se havia degenerado em obstinação. Porém, quem pode imaginar o poder para o bem que Faraó poderia ter desenvolvido, se se houvesse submetido de boa vontade ao Senhor? Isso teria sido um grande sacrifício, segundo o conceito que o homem tem de sacrifício, porém, não maior que o de Moisés. Esse recusou o trono egípcio e uniu sua sorte a do povo de Deus.

“Ao monarca foi oferecida uma maravilhosa e honorável posição, contudo esse não reconheceu o dia de sua visitação. Isso implicava em humilhação e ele se recusou. Em consequência, perdeu tudo, enquanto Moisés, que escolheu antes ser afligido com o povo de Deus e ter parte no vitupério de Cristo, tem um nome e um lugar que durará por toda a eternidade. As misericórdias de Deus, quando rejeitadas, convertem-se em maldições. ‘Os caminhos do Senhor são retos, e os justos andarão neles, mas os transgressores neles cairão. ’ (Os 14:9)” EJW.

TERÇA  - Contados como justos

Abraão creu em Deus e isso (o ato de crer) lhe foi imputado como justiça. O santo patriarca acreditou piamente no que o Senhor lhe falara e deixou com Deus realizar a promessa. Estava ele “plenamente convicto de que Ele era poderoso para cumprir o que prometera” (Rm 4:21)

Destaca-se no caráter desse homem de Deus fé implícita e obediência irrestrita. Em Abraão operava a fé viva, atuante, inflexível.

Paulo chama a atenção dos gálatas para Abraão, conhecido antepassado dos judeus, como um homem que não vivia das obras, mas da fé que resulta em obras. A prioridade era da fé, porque sem fé é impossível agradar a Deus, inda que as obras possam ser consideradas numerosas e justas à vista humana. Primeiro Deus torna o homem justo mediante o sangue de Cristo e assim considera aquele que crê em Sua Palavra. Depois, à medida que a fé cresce e amadurece, as boas obras são seus frutos espontâneos.

Gostaria de citar agora o exemplo de Dimas. Quem foi Dimas? Ele tem sido chamado de “o bom ladrão”, uma expressão conflituosa em si mesma. Diríamos que ele foi um crente arrependido de haver sido ladrão e confiou na messianidade vicária de Cristo. Ele foi justificado sem confessar um só pecado. Pode? Mas, antes de abrigar um pensamento equivocado a respeito, veja seu reconhecimento ao argumentar com Gestas, que era de sua quadrilha: “Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez.” (Lc 23:40-41). Percebamos que ele reconheceu sua pecaminosidade diante da presença santa de Jesus. Aceitou a penalidade de seu pecado contra a Lei de Deus e a sociedade. Ao apelar para Cristo se lembrar dele quando viesse pela segunda vez, foi justificado por essa fé. Simplesmente maravilhoso, não?!Um

Paulo, em Rm 4:10, diz que Abraão foi justificado quando ainda nem era circuncidado – obrigação da santa aliança. Depois de justificado ele, sob a ordem divina, foi circuncidado. Outra vez, primeiro a fé e depois as obras.

“Da mesma maneira se pode aproximar de Cristo toda criatura humana. ‘Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a Sua misericórdia, nos salvou. ’ Tt 3:5. Sentis que, por serdes pecador, não podeis esperar receber bênçãos de Deus? Lembrai-vos de que Cristo veio ao mundo para salvar pecadores. Nada temos que nos recomende a Deus; a alegação em que podemos insistir agora e sempre é nossa condição de inteiro desamparo, que torna uma necessidade Seu poder redentor. Renunciando a toda confiança em nós mesmos, podemos olhar a cruz do Calvário, e dizer: ‘O preço do resgate eu não o tenho; Mas à Tua cruz prostrado me sustenho. ’” CBV, 64, 65.

“Chashab” é empregado por Moisés ao referir-se à “imputação” de justiça a Abraão. O sentido da palavra é “fazer juízo”, “considerar”, “estimar”, “ser reconhecido”, “contar”. Então, Deus fez juízo a Abraão considerando-o, estimando-o, reconhecendo-o, contando-o como justo exatamente no momento em que ele creu.

Paulo queria que os gálatas se desvencilhassem das ideias heréticas dos mestres judeus e cressem que o ímpio é justificado pela graça de Deus em Cristo Jesus. O ato de fé é considerado uma ação de justiça e o homem é aceito pelo Senhor. “Bem-aventurado é o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras.” (Rm 4:6)

“Jesus é o nosso grande Sumo Sacerdote no Céu. E que faz Ele? - Faz intercessão e expiação por Seu povo que nEle crê. Pela Sua justiça imputada são aceitos por Deus como sendo aqueles que estão manifestando ao mundo que reconhecem a fidelidade a Deus, observando todos os Seus mandamentos.” IR, 34.

“Paulo temia que, tendo pregado a outros, viesse ele próprio a ficar reprovado. Ele compreendia que se não praticasse na vida os princípios em que cria e que pregava, seu trabalho em favor de outros em nada lhe aproveitaria. Sua conversação, sua influência, sua recusa de render-se à satisfação própria, deviam mostrar que sua religião não era mera profissão mas um viver diário em ligação com Deus. Um alvo mantinha ele sempre diante de si, e lutava fervorosamente por alcançá-lo – ‘a justiça que vem de Deus pela fé’. Fp 3:9.” AA, 314.

QUARTA - O Evangelho no Antigo Testamento

Milhares de crentes se enganam ao pensar que o Evangelho surgiu a partir da primeira vinda de Jesus. Parecem não compreender que o Evangelho existiu muito antes da ocorrência do pecado, e que foi uma providência oculta na mente divina até que se tornasse necessária a Sua execução.

Sua primeira menção está em Gn 3:15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Teologicamente este verso é denominado proto-Evangelho, ou seja, a primeira referência feita ao Redentor vindouro, nascido de mulher, nascido sob a lei para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.

(Gl 6:4,5)

Gl 6:8 diz que o Pregador que levou a Abraão o Evangelho foi o próprio Jeová. A bênção reservada a todos os povos da qual lemos em Gn 12:4, era o evangelho pregado às nações. De que outro modo seriam os povos benditos a não ser pelo conhecimento da fé em Cristo Jesus como Salvador? Foram os descendentes de Abraão antes da cruz que pregaram o evangelho. Pergunto: Como creu a rainha de Sabá? Como creu Nabucodonosor? Como creram os magos que foram ver o Rei dos Judeus nascido em Belém? Todos conheceram a Deus através de pregadores que usavam a Palavra. Salomão, o pregador de Eclesiastes testemunhou do Evangelho à rainha. Daniel testemunhou a Nabucodonosor, a seu filho e neto acerca do Deus Salvador. Os magos leram as Escrituras proféticas e o Espírito Santo lhes impressionou a mente enquanto as estudavam.

A natureza do concerto

É ponto pacífico que o concerto com a humanidade se baseia primeiramente na absoluta integridade da santidade divina. Ele não pode mentir, portanto, tudo quanto diz e promete, acontece. Aliança é um acordo entre partes, mas nesse caso quem determina as condições, os parágrafos, alíneas, incisos, notas, adendos, etc., é o Senhor. A proposta é unilateral com finalidade benéfica bilateral, porém o maior beneficiário é a parte que aceita. Nesse pacto somos feitos filhos de Deus e herdeiros de tudo quanto é dEle. Quer mais?!

Como pregava o saudoso Pr. Roberto Rabello, Deus pede que nós apenas acreditemos naquilo que sai de Sua santa boca. O Senhor disse que justificaria pelo sangue de Cristo todo aquele que cresse, fosse ele judeu, gentio, samaritano, aborígene, esquimó, nativo africano... enfim, não Lhe importa quem a pessoa seja, onde resida, qual seja sua condição social. Todos são beneficiados.

Medite na frase que se encontra no comentário da segunda pergunta de hoje: “Deus não pediu a Abraão que prometesse coisa alguma, mas que aceitasse Suas promessas pela fé. De fato, essa não era uma tarefa fácil, porque Abraão tinha de aprender a confiar completamente em Deus e não em si mesmo.”

QUIN TA - Redimidos da maldição (Gl 3:9-14)

Qual é a maldição da Lei? A mesma maldição do pecado: morte eterna, segunda morte. “Maldito aquele que não permanece em todas as coisas escritas no livro da lei, para praticá-las.” Paulo extraiu esse texto bíblico das maldições pronunciadas desde o Monte Ebal (Dt 27:26). Esses anátemas ameaçam os transgressores dos preceitos morais da Lei. Observe que no corpo do texto não há nenhuma menção de fatores cerimoniais como: “Maldito aquele que não celebrar as Luas Novas ou a festa das colheitas.” Todos os preceitos mencionados têm relação com a Lei Moral.

A Lei não provê livramento da maldição. Pelo contrário, ela lhe dá força. O transgressor, perdido no deserto do pecado, não tem como livrar-se.

Deus, em Seu amor infinito, não deixaria o infeliz sem meios de salvação. Ele deu Seu Filho, que assumiu todas as maldições da Lei, inclusive a de ser pendurado no madeiro, para transformar as maldições em bênçãos eternas.

Ora, se os gálatas preferissem justificar-se pela lei que lhes “roga praga”, eram malditos. Paulo ansiava livrá-los da enrascada terrível em que se meteram.

“O Senhor deseja Seu povo sadio na fé - não ignorante da grande salvação que tão abundantemente lhes é provida. Não devem olhar ao futuro, pensando que em algum tempo vindouro uma grande obra seja feita em seu favor, pois a obra está agora completa. O crente não é chamado para fazer paz com Deus; isto ele nunca fez nem pode fazer. Deve aceitar a Cristo como sua paz, pois com Cristo está Deus e a paz. Cristo pôs fim ao pecado, levando no próprio corpo sua pesada maldição, para o madeiro, e Ele removeu a maldição de todos aqueles que creem nEle como Salvador pessoal. Põe Ele fim ao poder dominante do pecado no coração, e a vida e caráter do crente testificam do genuíno caráter da graça de Cristo.” E Recebereis Poder, 67.

Temos de polarizar nossas esperanças quanto ao Céu tão-somente em Cristo, porque Ele é nosso Substituto e Penhor. Nós transgredimos a lei de Deus, e pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Os melhores esforços que o homem, em suas próprias forças, pode fazer, não têm valor para satisfazer a santa e justa lei que ele transgrediu; mas pela fé em Cristo pode ele alegar a justiça do Filho de Deus como toda-suficiente. Cristo, em Sua natureza humana satisfez as exigências da lei. Suportou a maldição da lei pelo pecador, por Ele fez expiação, para que todo aquele que nEle cresse não perecesse mas tivesse vida eterna. A fé genuína apropria-se da justiça de Cristo, e o pecador é feito vencedor com Cristo; pois ele se faz participante da natureza divina, e assim se combinam divindade e humanidade.” FO, 93, 94.

Justificação somente pela fé - Comentários da Lição 4

Lição 04 – 15 a 21 de outubro de 2011
(Comentários do irmão César Pagani)


VERSO EM DESTAQUE: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a Si mesmo por mim.” (Gl 2:20 – VARC)

Plenamente consciente do teor do Evangelho que pregava, Paulo diligenciou por explicar aos gálatas como operava a justificação salvadora. Os judaizantes haviam explicado aos crentes que na bastava ter fé em Jesus para ser justificado, mas que deveriam submeter-se às antigas ordenanças, praticar as obras da lei de Moisés ou mesmo dos Dez Mandamentos para desfrutarem a salvação.

Não deve ter sido muito fácil desacreditar o comportamento de Pedro diante dos antioquianos. Afinal, o “homem” era da Associação Geral e, portanto, uma alta autoridade religiosa. Paulo, porém, não temia homem algum e não era politiqueiro. Podia ter repreendido a Pedro em particular, mas assim fosse os irmãos seriam mantidos em dúvida. O erro de Pedro foi público e de público tinha de ser consertado.

Não raro, muitos crentes confundem o papel de certos aspectos do evangelho: a) o que é e como funciona a justificação? b) qual o papel e o posicionamento das obras justas praticadas pelos santos (elas vêm antes da justificação ou depois)? c) como funciona em mim a justiça imputada de Cristo? d) E a justiça comunicada? e) como opera a fé verdadeira? f) como obter essa fé viva?

Um estudo etimológico (origem das palavras), teológico (conteúdo espiritual) e semântico (significad0) dos textos de Paulo, por certo nos dará maior entendimento da teologia paulina da justiça pela fé.

Estamos em pleno julgamento celestial. A justiça pela fé assume agora uma importância pontual, visto que é o preciso momento em que Deus está “despoluindo” Seu povo e preparando-os para o convívio eterno Consigo. Em outras palavras, a confissão, o arrependimento e o abandono dos meus pecados pela fé no sacrifício completo de Cristo, têm papel decisivo nos autos celestiais. Se me arrependo e estou entregue a Cristo, as provas contra mim são retiradas dos autos; caso contrário, ali permanecerão para dar testemunho no dia final.

“Texto: João 3:1-16 [lido pela Sra. White numa de suas alocuções]. Se não houvesse nada mais, em todas as Escrituras, que apontasse claramente o caminho para o Céu, nós o teríamos aqui nestas palavras. Elas nos dizem que é conversão. Declaram-nos que temos de fazer para ser salvos. E, meus amigos, desejo dizer-vos que isso atinge diretamente a raiz da obra superficial no mundo religioso. Opõe-se diretamente à ideia de que podemos tornar-nos filhos de Deus sem alguma modificação especial. É efetuada em nós uma nítida mudança se a verdade de Deus encontrou guarida em nosso coração, pois ela exerce uma influência santificadora sobre a vida e sobre o caráter. Quando vemos os frutos da justiça naqueles que pretendem possuir uma verdade avançada, como é o nosso caso, haverá um procedimento que testifica que temos aprendido de Cristo.” FO, 63.

DOMINGO - O assunto da “justificação” (Gl 2:15, 16)

Quem lê sem pensar muito o primeiro verso do estudo de hoje, pode pensar em Paulo como um xenófobo (que tem repulsa por estrangeiros), um judeu arrogante e preconceituoso, um etnocentrista (alguém que considera o seu grupo étnico, nação ou nacionalidade socialmente mais importante do que os demais) ou um chauvinista (patriota extremista).

Não podemos nos esquecer, porém, que o apóstolo está mencionando as palavras que disse a Pedro quando o repreendeu publicamente por sua dissimulação. Ele não está fazendo um discurso direto aos gálatas, mas a Pedro. Em outras palavras ele diria: “Nós que somos judeus por natureza e conhecemos a Lei de Deus; que não somos como as nações que não têm noção de quem é nosso Deus, sabemos que o homem não é justificado pelas obras da Lei, seja ele moral ou cerimonial, mas por intermédio da fé em Cristo Jesus. Ninguém, seja ele judeu ou gentio, será considerado justo pelas obras da Lei...” Paulo parece imputar ao judeu obrigação maior de crer no sangue de Cristo e ser justificado por Ele.

Pedro cria, sim. Mas seu homem velho ressurgiu subitamente e o levou a justificar-se pela Lei no caso dos antioquenses. “Cefas, você se esqueceu de que quem justifica é Cristo. O princípio da Lei me matou porque nada podia fazer para desculpar um transgressor. Porém, Cristo me revivificou por Sua cruz e me justificou perante a Lei. Estou sem culpa por causa de Cristo e não mais sujeito à morte eterna.”

Ora, o simples fato de alguém ser judeu não o torna justo, assim como o nome no rol de membros da igreja não registra o cidadão como ocupante do Livro da Vida.

“Justificados”

O verbo “justificar”, em português, tem entre seus significados o de “restituir a inocência original”. Já no idioma grego bíblico, “justificar” acrescenta que dikaioo significa “pronunciar alguém justo como ele deve ser”. A justificação, como diz a lição, é um termo forense utilizado para inocentar perante as leis o réu sob juízo. O agora inculpado torna-se beneficiário da aliança eterna que Deus fez mediante Cristo Jesus. Todas as cerca de 3.300 promessas da aliança pertencem-lhe imediatamente. Ele também recebe poder para tornar-se filho de Deus ou algo equivalente a anjos imaculados (Jo 1:12; Gl 3:26), guiados pelo Espírito Santo (Rm 8:14), observadores dos mandamentos de Deus (I Jo 3:24), e frutíferos em boas obras (Ef 2:10; I Tm 6:18; Tt 2:7, 14; 3:8). As duas fases da justificação: imputação e santificação ocorrem concomitantemente. Somos justificados pela fé cada dia e santificados pela fé diariamente.

Isto é Justificação Pela Fé

“Quando o pecador penitente, contrito diante de Deus, discerne a expiação de Cristo em seu favor e aceita essa expiação como sua única esperança nesta vida e na vida futura, seus pecados são perdoados. Isso é justificação pela fé. Toda pessoa crente deve submeter sua vontade inteiramente à vontade de Deus e manter-se num estado de arrependimento e contrição, exercendo fé nos méritos expiadores do Redentor e avançando de força em força, e de glória em glória.

“Perdão e justificação são uma só e a mesma coisa. Pela fé, o crente passa da posição de rebelde, de filho do pecado e de Satanás, para a posição de súdito leal de Cristo Jesus, não por causa de alguma bondade inerente, mas porque Cristo o recebe como Seu filho, por adoção. O pecador obtém o perdão de seus pecados, porque esses pecados são carregados por seu Substituto e Penhor. O Senhor fala a Seu Pai celestial, dizendo: ‘Este é Meu filho. Eu o absolvo da condenação da morte, dando-lhe Minha apólice de seguro de vida - a vida eterna - porque tomei o seu lugar e sofri por seus pecados. Ele é mesmo Meu filho amado.’ Assim o homem, perdoado e revestido das belas vestes da justiça de Cristo, se encontra irrepreensível diante de Deus.

“O pecador pode errar, mas ele não é rejeitado sem misericórdia. Sua única esperança, porém, é arrependimento para com Deus e fé no Senhor Jesus Cristo. A prerrogativa do Pai é perdoar nossas transgressões e pecados, porque Cristo tomou sobre Si a nossa culpa e nos absolveu, imputando-nos Sua própria justiça. Seu sacrifício satisfaz plenamente as reivindicações da justiça.

“Justificação é o contrário de condenação. A infinita misericórdia de Deus é manifestada para os que são completamente indignos. Ele perdoa as transgressões e os pecados por amor de Jesus, o qual Se tornou a propiciação pelos nossos pecados. Pela fé em Cristo, o transgressor culpado é conduzido ao favor de Deus e à forte esperança da vida eterna.” FO, 103, 104.

SEGUNDA - As obras da Lei

O que significa “obras da lei”? A Lei de Deus é o código moral por excelência e requer justiça absoluta, tão perfeita quanto a de Deus. Aquele que estiver em harmonia com ela viverá (Lv 18:5). A compreensão da palavra “lei” nas epístolas de Paulo depende do contexto onde está incrustada. A moralidade da Lei é exigível sem apelação.

Ergon nomos é a expressão grega original utilizada por Paulo no versículo 16 do cap. dois. No contexto frasal ela está em oposição à “fé em Jesus”. Assim sendo, em termos salvíficos, a Lei nada pode fazer por nós. Porém, como seres religiosos que somos (homo religiosus) é nossa inclinação, para alcançarmos paz de consciência, fazer alguma coisa pela qual possamos obter créditos. O moço rico era dessa filosofia: “Tudo isso [os mandamentos] tenho guardado desde a minha mocidade.” Faltava-lhe, contudo, a renúncia às riquezas e a fé em Jesus. Aos olhos de Deus, ele nada mais era que um “nomista” ou “cultivador da lei”.

As obras da Lei segundo Paulo são excelentes em si mesmas, não, porém, à parte de Cristo. “Fiel é esta palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação, confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens.” (Tt 3:8).

Contudo, as obras da Lei sem a fé não justificam ninguém. Pelo contrário, condenam como ações hipócritas porque não possuem a essência de justiça que é implantada no homem interior pelo poder divino. Obras da Lei praticadas por um coração convertido e transformado pelo Espírito Santo são decorrências naturais de um caráter semelhante ao de Cristo. O próprio Paulo diz que fomos criados para as boas obras (Ef 2:10). O ser espiritual emergente da Fonte de Vida que é Cristo – o ser transformado – é zeloso de boas obras (Tt 2:14).

“A Lei dos Dez Mandamentos não deve ser considerada tanto em seu aspecto proibitivo, porém, em seu lado de misericórdia e graça. Suas proibições são a garantia certa de felicidade na obediência. Quando recebida em Cristo, ela opera em nós a pureza de caráter que nos proporcionará alegria através das eras eternas. Para o obediente ela é um muro de proteção. Nela contemplamos a bondade de Deus que, revelando ao homem os imutáveis princípios de justiça, busca protegê-lo dos males resultantes da transgressão.” The Law in Galatians, EGW.

Algo que necessitamos compreender a respeito das obras da lei é que elas, para serem aceitas pelo Céu, precisam decorrer de Cristo. Cristo nos imputa Seu caráter justo, perdoando nossos pecados e purificando-nos da propensão à iniquidade. Possuídos por Cristo, as obras que praticamos são feitas mediante poder e energia especial sobrenatural: “Porque Tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras.” (Is 26:12 – VARC)

Por que Paulo praticou tantas boas obras que glorificaram a Deus? Porque não era ele quem mais vivia, mas Cristo.

Em verdade, podemos ser caridosos, missionários, bons vizinhos, bons membros de igreja, bons leitores das Escrituras, usar nossos talentos para o avanço da obra de Deus, dar muitos estudos bíblicos, fazer conferências, tornar-nos reformadores da saúde, mas, se não possuirmos a fé que opera por amor, seremos como o bronze que soa e o címbalo que retine.

“O perdão do pecado é prometido àquele que se arrepende e crê; a coroa da vida será a recompensa daquele que for fiel até o fim. Podemos crescer na graça aproveitando a graça que já temos. Devemos manter-nos incontaminados do mundo se quisermos ser achados irrepreensíveis no dia de Deus. A fé e as obras andam de mãos dadas; elas atuam harmoniosamente na obra de vencer. As obras sem fé são mortas, e a fé sem obras é inoperante. As obras nunca nos salvarão; é o mérito de Cristo que será eficaz em nosso favor. Mediante a fé nEle, Cristo tornará todos os nossos esforços imperfeitos aceitáveis a Deus. A fé que precisamos ter não é uma fé indolente; a fé que salva é aquela que opera pelo amor e purifica o ser. Quem quer levantar a Deus mãos santas, sem ira e sem rancor, andará inteligentemente no caminho dos mandamentos de Deus...

“Se está no coração obedecer a Deus, se são feitos esforços nesse sentido, Jesus aceita esta disposição e esforço como o melhor serviço do homem, e supre a deficiência com Seu mérito divino. Ele não aceitará os que alegam ter fé nEle e no entanto são desleais ao mandamento de Seu Pai. Muito ouvimos acerca de fé, mas precisamos ouvir muito mais acerca de obras. Muitos estão a enganar a própria alma, vivendo uma religião fácil, acomodatícia, sem cruz.” FO, 48-50.

TERÇA  - O fundamento de nossa justificação

Como e por que somos justificados? Vamos inverter a resposta. Somos justificados primeiramente porque é nossa maior necessidade. Somos pecadores por natureza. O amor infinito de Jesus, contemplando nossa absoluta miséria, levou-O a revestir-Se da humanidade e viver uma existência imaculada. Segundo os requisitos da justiça divina, Cristo tem o direito universal de nos atribuir os valores e merecimentos de Sua vida santa.

Agora consideremos o “como”. Os méritos da morte vicária de Cristo ficaram disponíveis a partir da cruz e da ressurreição. Assim como o pecado entrou no mundo através de Adão, ele sai do mundo por intermédio de Cristo. Porém, esses atributos que Jesus põe à disposição de todo filho e filha de Adão pedem pré-requisitos: 1) fé (crer que Jesus pode perdoar todos os pecados e que realmente assim o faz); 2) confissão (a confissão é um ato humano de reconhecimento da ofensa feita a Deus ou pecado; contudo, ninguém confessa nada se não for persuadido pelo Espírito Santo). “A confissão verdadeira tem sempre caráter específico e faz distinção de pecados. Estes podem ser de natureza que devam ser apresentados a Deus unicamente; podem ser faltas que devam ser confessadas a pessoas que por elas foram ofendidas; ou podem ser de caráter público, devendo então ser confessados com a mesma publicidade. Toda confissão, porém, deve ser definida e sem rodeios, reconhecendo justamente os pecados dos quais sois culpados.” CC, 38; 3) arrependimento ou profunda tristeza pelo pecado (o arrependimento também não é obra de procedência humana). “A função do Espírito Santo é distintamente especificada nas palavras de Cristo: "E, quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo." Jo 16:8. É o Espírito Santo que convence do pecado. Se o pecador atende à vivificadora influência do Espírito, será levado ao arrependimento e despertado para a importância de obedecer aos reclamos divinos.” AA, 52. Arrependimento também é um dom que você pode pedir a Deus. “Arrependimento como esse, está além de nossas forças realizar; só é obtido por meio de Cristo, que subiu ao alto e deu dons aos homens.” CC, 25. “Exatamente aqui está o ponto em que muitos erram, sendo por isso privados de receber o auxílio que Cristo lhes desejava conceder. Pensam que não podem chegar a Cristo sem primeiro arrepender-se e que é o arrependimento que os prepara para o perdão de seus pecados. É certo que o arrependimento precede o perdão dos pecados, pois unicamente o coração quebrantado e contrito é que sente a necessidade de um Salvador. Mas terá o pecador de esperar até que se tenha arrependido, antes de poder chegar-se a Jesus? Deve fazer-se do arrependimento um obstáculo entre o pecador e o Salvador? A Bíblia não ensina que o pecador tenha de arrepender-se antes de poder aceitar o convite de Cristo: ‘Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.’ Mt 11:28. É a virtude que emana de Cristo, que conduz ao genuíno arrependimento. Pedro elucidou este ponto em sua declaração aos israelitas, dizendo: ‘Deus, com a Sua destra, O elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados.’ At 5:31. Assim como não podemos alcançar perdão sem Cristo, também não podemos arrepender-nos sem que o Espírito de Cristo nos desperte a consciência.” CC, 25, 26. 4)sobre Fp 3:9, Calvino considera: “Em Cristo. Os que estão fora de Cristo são sujeitos à condenação... Isto é, estar em Cristo, ser achado não na própria justiça do homem, mas revestido da justiça de Cristo a ele imputada.”

“Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (Rm 8:3, 4) A justiça da Lei só se cumpre verdadeiramente naquele que, purificado pelo sangue de Cristo, não anda segundo a carne ou o velho homem, mas segundo o Espírito ou novo homem.

“A humanidade de Cristo estava unida à Divindade; estava habilitado para o conflito, mediante a presença interior do Espírito Santo. E veio para nos tornar participantes da natureza divina. Enquanto a Ele estivermos ligados pela fé, o pecado não mais terá domínio sobre nós. Deus nos toma a mão da fé, e a leva a apoderar-se firmemente da divindade de Cristo, a fim de atingirmos a perfeição de caráter.” DTN, 122 e 123.

“Para satisfazer os reclamos da lei, nossa fé tem de apoderar-se da justiça de Cristo, aceitando-a como nossa justiça. Mediante a união com Cristo, mediante a aceitação de Sua justiça pela fé, podemos ser habilitados para fazer as obras de Deus e ser cooperadores de Cristo. Se estais dispostos a flutuar ao sabor da corrente do mal, e não cooperardes com os seres celestes em restringir a transgressão em vossa família, e na igreja, a fim de que seja introduzida a justiça eterna, não tendes fé.” E Recebereis Poder, 62.

QUARTA - A obediência da fé

Muitos ensinam que a fé é uma crença intelectual e passiva no sacrifício de Jesus. Basta você acreditar no que a Bíblia diz sobre a vida e a paixão de Cristo, crer que Ele morreu por você e por seus pecados, e isso é suficiente para torná-lo um remido.

Em Romanos, Paulo insere duas vezes a expressão “obediência por fé”. Como compreendê-la sem descambar para o comodista imobilismo espiritual ou saltar para as obras da Lei que “garantem” a salvação por acúmulo de méritos humanos? Ora, a tradução de J.B. Philips reza: “Então, fé significa que temos plena confiança nas coisas que esperamos, significa a certeza das coisas que não podemos ver.” (Hb. 11:1)

Primeiro vem a fé através da revelação das Escrituras Sagradas. Pela fé o crente recebe o Espírito Santo que o santifica e põe em harmonia com os preceitos da Lei de Deus, mediante o perdão suprido pelo sangue de Cristo. Além disso, o Espírito “energiza” o cristão, dando-lhe estímulos e pendores para a obediência aos reclamos bíblicos. Cabe ao homem apenas escolher se obedece ou não.

Tomemos o exemplo de Abraão. Ele acreditou que sua prole, no futuro, seria de milhões e milhões de descendentes, porque Deus lhe dissera que seria assim. O patriarca foi justificado por crer que Deus era verdadeiro. Quando o Senhor lhe fez o estranho pedido de sacrificar Isaque, o venerando homem não discutiu. Obedeceu a ordem divina com dor indescritível no coração, mas foi ao Moriá para cumpri-la. A fé, na hora do “homicídio ordenado” acreditava que a promessa de Deus era inalterável e que, mesmo esfaqueando o filho, Deus cumpriria Sua palavra empenhada ressuscitando-o dos mortos (Hb 11:19)

João 3:14-16 – “Todo aquele que nEle crê...” Crer de que modo? 1) Crer que Cristo sacrificou-Se para expurgar o que crê de todos os pecados. 2) Crer que Ele é Senhor e Criador; assim sendo é Autoridade e Proprietário de nossa vida, de nossos sentimentos, de nossas emoções, de nossos serviços, e deve ser obedecido naquilo que ordena. 3) Crer que Ele é o Supremo Mestre e Seus ensinos devem ser ouvidos, entendidos e praticados no poder que Cristo nos dispôs.

A obediência de fé é ativada pelo amor constrangedor de Cristo (II Co 5:14). O verbo “constranger” utilizado por Paulo no original grego é sunecho que tem também o sentido de impelir, encorajar. Quem não ama a Cristo, não obedece. Por outro lado, o que O estima muito está sempre disposto a trabalhar por Ele, sofrer por Ele e até, sendo necessário, morrer por Ele.

“Há o perigo de considerar que a justificação pela fé concede algum mérito à fé. Quando aceitamos a justiça de Cristo como um dom gratuito somos justificados gratuitamente por meio da redenção de Cristo. Que é fé? "O firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem." Hb 11:1. É uma aprovação do entendimento às palavras de Deus que leva o coração a uma voluntária consagração e serviço a Deus, o qual deu o entendimento, o qual sensibilizou o coração, o qual primeiro levou a mente a contemplar a Cristo na cruz do Calvário. Fé é entregar a Deus as faculdades intelectuais, submeter-Lhe a mente e a vontade e fazer de Cristo a única porta de entrada no reino dos Céus.” FO, 25.

Concluímos que a fé leva ao conhecimento de Jesus, o conhecimento ao amor e o amor à obediência irrestrita. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Liberdade para servir de toda alma ao Deus Redentor e às almas por quem Ele deu Sua vida.

“Crede na palavra do Salvador. Ponde vossa vontade do lado de Cristo. Determinai-vos servi-Lo, e agindo em obediência a Sua palavra, recebereis forças. Seja qual for a má prática, a paixão dominante que, devido a longa condescendência, prende tanto a alma como o corpo, Cristo é capaz de libertar, e anseia fazê-lo. Ele comunicará vida aos seres ‘mortos em ofensas’. Ef 2:1. Porá em liberdade o cativo, preso por fraqueza e infortúnio e pelas cadeias do pecado.” CBV, 85.

É bom ter presente que a fé vem pelo ouvir [ler, estudar, meditar) da Palavra de Deus: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” (Rm 10:17 – VARC)

Fé é muito mais do que uma simples concordância espiritual com a verdade revelada. Ela é o conhecimento íntimo de Alguém maravilhoso; o Único que pode satisfazer as mais profundas aspirações. É fazer de Jesus o amigo mais íntimo, o Consultor, o Gestor de nossa vida, o Amante de nossa alma. "Quando ele vê em Cristo a encarnação de infinito e abnegado amor e benevolência, há um despertamento de grata disposição do pecador em seguir a Cristo aonde Ele for." Manuscrito 87, 1900

“Mas notai aqui que a obediência não é mera aquiescência externa, mas sim o serviço de amor. A lei de Deus é uma expressão de Sua própria natureza; é uma corporificação do grande princípio do amor, sendo, daí o fundamento de Seu governo no Céu e na Terra. Se nosso coração é renovado à semelhança de Deus, se o amor divino é implantado na alma, não será então praticada na vida a lei de Deus? Implantado no coração o princípio do amor, renovado o homem segundo a imagem dAquele que o criou, cumpre-se a promessa do novo concerto: ‘Porei as Minhas leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos.’Hb 10:16. E se a lei está escrita no coração, não moldará ela a vida? A obediência - nosso serviço e aliança de amor - é o verdadeiro sinal de discipulado. Assim diz a Escritura: ‘Porque esta é a caridade [ou amor] de Deus: que guardemos os Seus mandamentos.’ I Jo 5:3. ‘Aquele que diz: Eu conheço-O e não guarda os Seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.’ I Jo 2:4. É a fé, e ela só, que, em vez de dispensar-nos da obediência, nos torna participantes da graça de Cristo, a qual nos habilita a prestar obediência.” CC, 60, 61.

QUINTA - A fé incentiva o pecado?

A pergunta acima é filosófica e retórica. Ela nos provoca e impele a buscarmos uma resposta bíblica. “Ao procurarmos ser aceitos por Deus por estarmos unidos com Cristo, fica claro que somos “pecadores” como os não-judeus. Mas será que isso quer dizer que Cristo trabalha em favor do pecado? Claro que não!” (Gl 2:17 - NTLH)

Muito bem, ponderemos: A fé nos méritos salvadores de Cristo que é despertada pelo Espírito Santo, atrai a graça perdoadora de Deus. A graça de Deus nos é dada para vencermos o pecado, que é a transgressão da Lei. A fé nunca autoriza a prática do pecado. Opostamente, ela o censura e condena veementemente por sua própria existência. Em outros termos, a fé existe porque o pecado existe.

A fé, em Gálatas, está jungida à obediência e não dela separada. Paulo diz que por intermédio de Cristo ele havia recebido graça e o ministério apostólico para a obediência da fé entre todos os gentios. A verdadeira fé é obediência. ‘A obra de Deus é esta: Que creiais nAquele que Ele enviou." (Jo 6:29). Cristo disse: ‘E por que Me chamais Senhor, e não fazeis o que Eu vos digo?’ (Lc 6:46). Uma mera profissão de fé em Cristo sem o atendimento aos Seus ensinos é não somente inútil, mas ofensiva e mentirosa. Como diz Tiago: "Assim também a fé, senão tiver obras, é morta em si mesma.” (Tg 2:17). ‘Assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta’ (v. 26).

Gálatas 2:17, 18: ‘Jesus Cristo é o Santo e o Justo’ (At 3:14). ‘Ele não só ‘não cometeu pecado’ (I Pe 2:22), mas que não conheceu pecado (II Co 5:21). Então, é impossível que algum estímulo ao pecado proceda dEle. Sabeis também que Ele se manifestou para tirar os pecados, e NEle não existe pecado.” (I Jo 3:5) Na fonte de vida que flui de Seu coração rompido e trespassado, não há nenhum vestígio de impureza. Ele não é ministro de pecado: não ministra o pecado a ninguém.

Se os que receberam uma vez a justiça de Cristo cometem pecado voluntário depois, é porque represaram o fluxo de vida que Jesus lhes enviava continuamente. Não deram ouvidos à Palavra transformadora para se santificarem. Cristo não é culpado pela atitude arbitrária do pecador em voltar aos caminhos do mal. Aquilo que o homem semear, isso colherá. Que ninguém tenha o atrevimento de dizer que é impossível viver sem pecado. Se assim o fizer estará impondo limites à graça infinita de Cristo. O verdadeiro cristão que vive em ardente fé, não é possível ter outro tipo de vida. Ele está morto para o pecado, mas por estar vivo, vive para Deus em novidade de vida. “Porque nós que estamos mortos para o pecado, como ainda viveremos nele?’ (Rm 6:2). “Todo o que é nascido de Deus não continua pecando, porque a vida de Deus está nele. Não pode continuar pecando, porque nasceu de Deus.’ (I Jo 3:9). Portanto, meus irmãos, permaneçam nEle”.

Se um cristão descarta seus pecados por meio de Cristo para retomá-los depois, anulou a expiação feita em seu favor e volta a ser como o gentio pagão. Precisa arrepender-se mais uma vez e voltar ao seio de Cristo.

“É necessário lembrar que o apóstolo está se referindo aos que acreditaram em Jesus Cristo, que foram justificados pela fé de Cristo. Paulo diz em Romanos 6:6: “Nosso velho homem foi crucificado junto com ele, de forma que o corpo do pecado seja destruído, para que não sejamos mais escravos do pecado”. Também lemos: “Vós estais completos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade. Nele também fostes circuncidados uma circuncisão feita sem mão, ao despojares do corpo dos pecados, por meio da circuncisão feita por Cristo” (Col. 2:10 e 11).

“O que fica destruído é o corpo do pecado, e é só a presença pessoal da vida de Cristo que o destrói. Faz isto com o propósito de livrar-nos do poder do pecado, e de impedir que o tenhamos de servir novamente. É destruído para todos, desde que Cristo aboliu na própria carne “a inimizade”, a mente carnal. Não a sua – pois nunca a teve -, mas a nossa. Levou nossos pecados, nossas fraquezas. Obteve a vitória para toda a alma; o inimigo ficou desarmado. Temos que aceitar a vitória que Cristo ganhou. A vitória sobre todo pecado já é uma realidade. Nossa fé nisto, o converte em realidade para nós. A perda da fé nos coloca fora daquela realidade, e reaparece o velho corpo dos pecados. Aquilo que a fé demoliu, é reedificado pela incredulidade. É necessário lembrar que aquela destruição do corpo dos pecados, embora já realizada por Cristo a todos, pertence ao presente, em cada um como indivíduo.” Comentários aos Gálatas – E. J. W.


A Unidade do Evangelho - Comentários da Lição 3


Lição 03 – 08 a 14 de outubro de 2011
(Comentários do irmão César Pagani)

VERSO EM DESTAQUE: “Completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento.” (Fp 2:2)

“[...] a fim de que todos sejam um; e como és Tu, ó Pai, em Mim e Eu em Ti, também sejam eles em Nós; para que o mundo creia que Tu Me enviaste.” (Jo 17:21)

A fervente oração de Jesus expressava o anelo incontido de Seu santo coração pela unidade de Seus seguidores. É surpreendente a ênfase que Cristo dá à unificação. Ele deseja que nós, Seus discípulos, tenhamos a mesma unidade de propósito, de amor, de dedicação que Ele tem com o Pai. A Divindade é o modelo perfeito de unidade. Essa integração é tão grande que três Pessoas distintas constituem um só Deus. “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.” (Dt 6:4) “A ti te foi mostrado para que soubesses que o Senhor é Deus; nenhum outro há, senão Ele.” (Dt 4:35) “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu Sou o primeiro e Eu sou o último, e além de mim não há Deus.” (Is 44:6. Comparar com Ap 1:17)

Não podemos confundir unidade com ajuntamento. São conceitos diferentes. Como bem explicita a introdução da lição, não podemos comprometer princípios para conservar a integração. Os que são unidos no Mestre têm “o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fp 2:5).

A primeira unidade tem de ser em amor. Que nos amemos uns aos outros assim como Ele nos amou. A segunda unidade tem de ser de doutrina. Não podemos crer em ensinos diferentes daqueles revelados nas Escrituras. A terceira unidade tem de ser a de ação. Temos a Grande Comissão pesando sobre nossos ombros. Precisamos trabalhar unidos, movidos pelo Espírito Santo e segundo os planos e campanhas nos quais somos orientados. A quarta unidade tem de ser mediante o exercício da paciência e tolerância mútuas. Não é à-toa que Paulo recomenda: “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós...” (Cl 6:13) A quinta unidade é de princípios. Um adventista não pode agir, em termos comportamentais, espirituais e morais, diferentemente de outro. Um não pode tomar vinho fermentado alegando razões de saúde, enquanto outro se abstém conforme o ensino das Escrituras. Em seguida vem a unidade na imitação de Cristo; todos temos o Modelo Perfeito no qual plasmar nosso caráter.

Por que existe a desunião? – “Em vez da unidade que devia existir entre os crentes, há desunião; pois a Satanás é permitido entrar e pelos seus enganos e ilusões leva ele, os que de Cristo não estão aprendendo a mansidão e humildade de coração, a seguir um rumo diferente da igreja, e, se possível, a quebrar-lhes a união. Levantam-se homens que falam coisas perversas para atrair discípulos para si. Pretendem que Deus lhes deu grande luz, mas como agem sob sua influência? Seguem eles a atitude assumida pelos dois discípulos na viagem para Emaús? Ao receberem a luz, voltaram e foram ao encontro daqueles a quem Deus guiara e ainda estava guiando, e lhes contaram como haviam visto a Jesus e com Ele tinham falado.” IR, 144, 145.

DOMINGO - A importância da unidade

“Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e casa sobre casa cairá.” (Lc 11:17)

“Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer.” (I Co 10:10)

“Notai que só depois de haverem os discípulos entrado em união perfeita, quando não mais contendiam pelas posições mais elevadas, foi o Espírito derramado.” TS3, p. 210.

Paulo preconiza unidade de testemunho, unidade social, unidade de disposição mental e forma de pensar. Esse conjunto unívoco de vida cristã fala alto em prol do bom testemunho.

Para que o ideal bíblico em geral e o particular do apóstolo sejam atingidos, é exigível a união entre cada crente e Cristo, a Fonte de todo bem. Se não estiverem unidos a Jesus, não o estarão entre si - “... Vivamos em união com Ele” (I Ts 5:10).

Esse herói do Evangelho padeceu muito no próprio seio da igreja por causa das divisões que havia. Seus opositores podem ter-se valido das próprias declarações do apóstolo para incutirem dúvidas sobre a legitimidade de sua pregação. “Ora,” diziam eles, “todos os apóstolos receberam os ensinos do Evangelho dos lábios de Jesus e o transmitiram aos novos conversos. Paulo alega tê-los recebido diretamente de Cristo. Isso não nos parece muito convincente. Não há provas concretas. Ele pode estar fraudando a exposição da Palavra”.

A intenção de Paulo ao ir a Jerusalém diante da administração superior da Igreja, não foi obter-lhe a aprovação ou dar satisfações de seu trabalho, afinal ele recebera o comando de Cristo e só a Ele devia satisfações. Não viajou para a sede da Igreja simplesmente por descargo de consciência, porquanto ele mesmo atesta que recebeu uma revelação de Cristo para dirigir-se a Jerusalém Ele visava mostrar que havia dois ministérios autenticados pelo Céu: um encabeçado por Pedro, que intentava levar o Evangelho aos judeus, e outro comandado por ele que tinha a destinação dos gentios. O Evangelho era o mesmo, as finalidades idênticas, as ações é que se expandiam nas duas direções. O Cristo crucificado de Pedro era o mesmo de Paulo. A justificação pela fé em Cristo propalada por Pedro não diferia daquela ensinada por Paulo. Durante 17 anos (caps. 1:18 e 2:1) ele trabalhou enfrentando todo tipo de oposição, provações, sofrimentos, intimações e prisões. Ninguém de sã consciência reportava à alta direção da Igreja qualquer irregularidade no ministério paulino.

É possível que tenha havido alguma desconfiança, embora leve, por parte de Tiago, Pedro e João. Veja se não há evidências neste texto: “E quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles, para a circuncisão...” (Gl 2:9)

“Quando Deus fala, a pretensa confirmação da parte de um homem constitui impertinência. O Senhor providenciou para que os irmãos em Jerusalém ouvissem o testemunho de Paulo, e os que se haviam convertido recentemente souberam que aqueles a quem Deus envia, falavam Suas palavras, e que, portanto, todos diziam a mesma coisa. Depois de haverem se apartado de seus “muitos chamados deuses” para servir ao único Deus, precisavam ter certeza de que a verdade é somente uma e um só evangelho é para todos.” Las Buenas Nuevas, p. 17.

No rodapé da lição em inglês há uma pergunta muito importante para responder: “Quais são alguns assuntos que ameaçam a unidade da igreja hoje?”

As Escrituras deixam claro que certa união na igreja jamais será atingida: a união entre Cristo e Belial, entre trigo e joio, entre bodes e cordeiros, entre os servos de Cristo e os servos de Satanás. Também não pode existir união entre ensinos fundamentados nas Escrituras e opiniões teológicas de homens que se apartaram da simplicidade do Evangelho de Jesus.

Permitam-me citar um exemplo histórico: o teólogo Dr. Desmond Ford, em 1978, endossava a interpretação histórica da IASD sobre a ponta pequena de Daniel 8, defendendo que ela primeiramente era aplicável a Roma e não a Antíoco Epifânio. Em sua tese publicada em 1980 preparada para apresentação à Comissão de Glacier View, o homem mudou de ideia e afirmou: “Apenas Antíoco Epifânio preenche as principais especificações da ponta pequena de Daniel 8, e o período de opressão por Antíoco foi de 2.300 dias, de 171 a 165 a.C.”

Essa posição descabida e sem apoio teológico real na Bíblia provocou cisão na igreja e muitas apostasias, levando almas valiosas para o caminho descendente. Muitos renunciaram à fé e hoje se encontram à deriva.

SEGUNDA - Circuncisão e os falsos irmãos

A circuncisão , sinal da aliança entre Deus e Seu povo, que durou cerca de 1850 anos e findou com a sendo ab-rogada na cruz com a morte de Cristo, foi ciosamente guardada pelos judeus de todos os tempos. Era um sinal físico distintivo de que havia uma aliança entre o Deus do Céu e a descendência de Abraão.

Os judeus convertidos eram todos circuncidados, inclusive os apóstolos Paulo, Pedro, João, Tiago, Barnabé, etc. Em certo sentido, a retirada do prepúcio fazia parte da cultura milenar judaica.

Uma facção chamada “circuncisão” dentro da igreja primitiva (um grupo de fariseus professamente convertidos) defendia que a Lei de Moisés, incluindo a peritomia ou circuncisão, deveria ser atendida em todos os seus pormenores, mais os acréscimos que os teólogos e rabinos lhe fizeram ao longo dos séculos. Podem ser chamados de “legalistas militantes” porque, não obstante a aceitação do batismo cristão, porfiavam por estabelecer o rito também entre os gentios conversos, obrigando-os a guardar toda a lei (ver Gl 5:3). Isso significava dizer: “Toda a vossa fé em Cristo e todo o testemunho do Espírito nada são sem o sinal da circuncisão.” Waggoner.

Em verdade, eles eram batizados não, porém, convertidos. Não haviam entendido bem o Evangelho de Cristo. A doutrina agora ensinava a cessação do ritual mosaico e tudo quanto a ele estivesse ligado. Quando Paulo visitou Jerusalém, esse partido judaizante queria obrigar o missionário Tito a circuncidar-se porque ele era grego. Paulo os resistiu vigorosamente e teve o apoio da alta direção da Igreja.

O problema é que essa contenda causava confusão na mente dos recém-conversos. É necessário ou não? Um partido dizia que sim, o outro que não. A Comissão Geral decidiu que a circuncisão não era compulsória aos gentios e que os apóstolos deviam apenas dar atenção especial aos pobres entre eles (Gl 2:10).

Esse assunto nos leva a pensar nos grupos doutrinários divisionistas dentro da igreja. Desde que o Movimento Adventista começou, sempre houve indivíduos que criavam novas doutrinas ou reinterpretavam as já existentes à sua moda, para causar cismas e confusões. Pregavam doutrinas como a “carne santa”, por exemplo, o tempo de graça pós-milenário, movimentos fanáticos cujos adeptos se diziam possuídos do Espírito e gritavam rolando-se no chão, a não existência do santuário celestial, desnecessidade de uma organização e outras.

“Nestes últimos dias, surgirão falsos mestres que se tornarão ativamente zelosos. Serão apresentados todos os tipos de teorias para desviar a mente de homens e mulheres da própria verdade que define a posição que podemos ocupar com segurança neste tempo em que Satanás está operando com poder nos pregadores, induzindo-os a ter a pretensão de ser justos, deixando de colocar-se, porém, sob a orientação do Espírito Santo.

“Falsas teorias serão mescladas com todos os aspectos da experiência, e defendidos com ardor satânico, para cativar a mente de toda alma que não está arraigada e firmada no pleno conhecimento dos sagrados princípios da Palavra. Entre nós mesmos surgirão falsos mestres, dando atenção a espíritos enganadores cujas doutrinas são de origem satânica. Esses mestres arrastarão discípulos atrás deles. Insinuando-se sorrateiramente, usarão de palavras lisonjeiras e farão hábeis deturpações com enganosa habilidade.
“A única esperança de nossas igrejas é manterem-se bem despertas. Os que estão bem firmados na verdade da Palavra, os que provam tudo por um ‘Assim diz o Senhor’, estão seguros. O Espírito Santo guiará os que prezam a sabedoria de Deus acima dos enganosos sofismas de instrumentos satânicos. Haja muita oração, não segundo as normas humanas, mas sob a inspiração da verdade segundo é em Jesus Cristo. As famílias que creem na verdade devem falar palavras de sabedoria e inteligência - palavras que lhes advenham como resultado de examinar as Escrituras.” E Recebereis Poder, 127.

“Nossos membros de igreja veem que há diferenças de opinião entre os dirigentes, e eles próprios entram em polêmicas acerca de assuntos em controvérsia. Cristo pede unidade. Não pede, porém, que nos unifiquemos em práticas errôneas. O Deus do Céu traça frisante contraste entre a verdade pura, inspiradora, que enobrece, e doutrinas falsas, desorientadoras. Ele chama o pecado e a impenitência pelo verdadeiro nome. Não encobre o malfeito com uma capa de argamassa não temperada. Rogo a nossos irmãos que se unifiquem em um fundamento verdadeiro, escriturístico.” Manuscrito 10, 1905.

TERÇA - Unidade na diversidade

“É chegado o tempo para se realizar uma reforma completa. Quando esta reforma começar, o espírito de oração atuará em cada crente e banirá da igreja o espírito de discórdia e luta. Os que não têm estado a viver em comunhão cristã, chegar-se-ão uns aos outros em contato íntimo. Um membro que trabalhe da maneira devida levará outros membros a unir-se-lhes em súplica pela revelação do Espírito Santo. Não haverá confusão, pois todos estarão em harmonia com o Espírito. As barreiras que separam um crente de outro, serão derribadas e os servos de Deus falarão as mesmas coisas. O Senhor cooperará com os Seus servos. Todos orarão com entendimento a prece que Cristo ensinou aos Seus servos: ‘Venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no Céu.’ Mt 6:10.” TS3, 254-256.

A igreja é um composto realmente fascinante de etnias, culturas, níveis socioeconômicos e educacionais, de temperamentos, personalidades, faixas etárias, experiências, nacionalidades, origens, etc. Contudo, esse mix de variáveis se torna uno mediante Cristo Jesus. Para todos, a Palavra é uma, o Deus é único, as doutrinas são únicas, a igreja é única, o movimento é único, o Espírito é um só. Essas são as fontes para sermos unidos.

Pois bem, esse é o ideal espiritual e teológico, mas em todas as congregações existem joio e falsos irmãos. A unidade cristã não pertence à equipe do joio porque não se mistura com impiedade e falsa fraternidade.

O apelo de Paulo é ao remanescente galáctico. Cristo os havia libertado do jugo da lei. Não que a lei cerimonial ou a Lei moral fosse um jugo em si mesma, mas, distorcida e deformada pelas tradições e doutrinas rabínicas, tornara-se um fardo insuportável (ver At 15:10). Os falsos irmãos não aceitaram a liberdade que Cristo lhes proporcionou pelo derrame de Sua vida na cruz.

A verdade libertadora do Evangelho não penetrara na mente e coração dos perturbadores. Eles não tinham dificuldade de compreendê-la. O problema era desapegar-se da “rotina de formas” a que estiveram ligados por tanto tempo. É o tipo do: “Sei que estou errado, mas não darei meu braço a torcer.” Estavam contentes com a forma da Lei, mas não com o seu espírito. O moço rico garantiu a Jesus que havia sempre guardado os Dez Mandamentos, mas era só no texto da lei e não em sua essência.

Os ensinos de Cristo tinham poder libertador. A menos que o pecador fosse libertado pelo Supremo Salvador, ele continuaria escravo do pecado e de suas artimanhas, inda que professasse o mais frenético zelo. Todos morrem em Adão, mas todos são vivificados em Cristo e assim tornam-se um só corpo com Ele. Cristo é a cabeça e os crentes fiéis da Igreja Seus membros.

“Havendo visitado as igrejas da Psídia e regiões circunvizinhas, Paulo e Silas, juntamente com Timóteo, deram-se pressa em passar "pela Frígia e pela província da Galácia" (Atos 16:6), onde com grande poder proclamaram as alegres novas da salvação. Os gálatas eram dados à adoração de ídolos, mas como os apóstolos lhes pregassem, rejubilaram-se na mensagem que prometia libertação do cativeiro do pecado. Paulo e seus cooperadores proclamaram a doutrina da justificação pela fé no sacrifício expiatório de Cristo. Apresentaram a Cristo como sendo Aquele que, vendo o estado desesperado da raça caída, veio para redimir a homens e mulheres mediante uma vida de obediência à lei de Deus, e o pagamento da penalidade da desobediência. E à luz do madeiro, muitos que nunca dantes haviam conhecido o verdadeiro Deus, começaram a compreender a magnitude do amor do Pai.” AA, 207, 208.

A libertação da lei conforme mencionada em Rm 8:2, 3, merece menção à parte. Que “lei estava enferma pelo pecado”? É muito importante compreender essa “enfermidade da lei”. Quando Paulo chama a lei de “enferma” (astheneo) ele afirma que quem contaminou a lei foi o pecado, que é justamente sua transgressão. Cristo nos libertou da condenação da Lei moral e das obrigações da lei cerimonial.

“A lei é poderosa para condenar. No entanto, é débil e mesmo incapaz no que respeita à maior necessidade do homem: a salvação. Estava e está ‘enferma pela carne’. A lei é boa, santa e justa, porém o homem não tem poder para obedecê-la. Ela é como um machado bem afiado e produzido do melhor aço, porém, incapaz de cortar a árvore devido a que os braços que o movimentam carecerem de força necessária. Assim a lei de Deus não pode por si mesma operar. Ela assinala o dever do homem e o obriga a cumpri-lo. Porém, esse não pode fazer isso, motivo pelo qual Cristo veio para realizá-lo no homem. O que a lei não podia fazer, Deus o fez mediante Seu Filho.” Essa é a opinião de Waggoner para você e eu concordarmos ou discordarmos.

EGW falando sobre a lei em Gálatas, diz: “Perguntam-me acerca da lei em Gálatas. Que lei é o aio que nos deve levar a Cristo? Respondo: Tanto o código cerimonial como o moral, dos Dez Mandamentos.” ME1, 233.

"’A lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.’ Gl 3:24. Nesta passagem, o Espírito Santo, pelo apóstolo, refere-se especialmente à lei moral. A lei nos revela o pecado, levando-nos a sentir nossa necessidade de Cristo e a fugirmos para Ele em busca de perdão e paz mediante o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo.” Idem, 234.

“Deve ser apresentado perante o povo o poder de Cristo, o Salvador crucificado, para dar vida eterna. Devemos mostrar-lhes que o Antigo Testamento é tão verdadeiramente o evangelho em tempos e sombras, como o Novo Testamento o é em seu poder manifestado. O Novo Testamento não é uma nova religião, e o Antigo Testamento não é uma religião antiga a ser substituída pela nova. O Novo Testamento é apenas o avançamento e desdobramento do Antigo.” MM02,63.

QUARTA - Confrontação em Antioquia (Gl 2:11-13)

Nem Pedro, que era um dos principais dirigentes da Igreja mundial escapou do zelo do apóstolo Paulo. O velho pescador, agora preeminente diretor da Associação Geral, viajou para Antioquia, onde Paulo e Barnabé estiveram trabalhando por um ano. Possivelmente tenha empreendido essa viagem para verificar pessoalmente a glória de Jesus na conversão dos muitos gentios, e o maravilhoso poder do Espírito Santo em prosperar a igreja.

Para os para os cristãos antioquinos foi uma alegria quando uma testemunha viva das preciosidades de Cristo lhes veio visitar. Quem sabe, antes de sua conversão, esses homens e mulheres haviam sido sempre evitados pelos judeus como ente perdida e imunda. Pedro, contudo, tivera uma visão de Deus mostrando que a ninguém deveria considerar repelente, porque Deus tinha muito povo entre os gentios. Então foi à casa de Cornélio e, em nome de Cristo, salvou muitas almas.

Outra delegação veio de Jerusalém, Eles eram do partido da circuncisão da igreja cristã; eram fariseus e haviam sido enviados pelo apóstolo Tiago como equipe de apoio.

Tão logo essa equipe chegou em Antioquia, Pedro foi atacado de chovinismo judaico (patriotismo exagerado) e começou a evitar diálogos e contatos com aqueles com quem antes fazia as refeições. Diz o venerando pastor Enéas Tognini, escritor e comentarista bíblico: “Pedro, que tinha experimentado a liberdade que há em Cristo depois da visão de At 10:10-35, começou a comer com os gentios em Antioquia.Quando vieram os judaizantes de Jerusalém, ele, hipocritamente, deixou de seguir o princípio dado pelo próprio Deus. Será que devemos aceitar esse apóstolo, mais do que qualquer outro, como infalível? Sendo, como alguns afirmam, o primeiro papa.”

Paulo, que em pouco tempo quando comparado a Pedro, havia alcançado um discernimento espiritual mais maduro e penetrante, não pôde suportar a hipocrisia e, embora Pedro sendo seu “superior hierárquico” na igreja, passou-lhe “uma sonora carraspana (repreensão)”. Paulo ficou surpreso, pois até Barnabé havia se deixado levar pela dissimulação de Pedro.

O franco e aplicado apóstolo resolveu dar uma lição de justiça pela fé a Pedro (comprovar com o versículo 16 de At 2). Esse erro mortal não podia ser tolerado, mormente em alguém que era um dos principais dirigentes da igreja.

A atitude de Paulo nos mostra que não devemos tolerar desvios da fé ou ensinos errôneos em quem quer que seja. A influência danosa de procedimentos equivocados e mesmo arquitetados não pode ser avaliada suficientemente. Os gentios ficaram confusos e se sentiram menosprezados. Todo o trabalho de Paulo e Barnabé e dos irmãos de Antioquia poderia ter falido, se Paulo aprovasse a ação de Pedro. Apostasias se seguiriam a apostasias.

Pedro se esqueceu por um momento dos entranháveis princípios de amor do Evangelho de Cristo e recaiu no judaísmo tradicionalista. Isso nos deve ensinar que mesmo um homem ungido pelo Espírito de Deus pode cometer atos censuráveis quando deixa de vigiar e orar.

QUINTA - A preocupação de Paulo (Gl 2:14)

Imaginemos que dois dos mais destacados doutores teólogos adventistas, admirados por sua erudição e capacidade, entrassem em conflito teológico. Vamos ilustrar com dois dos grandes professores da Andrews já falecidos – Dr. Gerhard Hasel e Dr. Sammuelle Bacchiocchi. Digamos que o Dr. Hasel defendesse a tese de que os adventistas deveriam festejar as solenidades judaicas do AT, adaptando-as ao contexto cristão como se fez com a Páscoa. Então, seria bom também contextualizar o Pentecostes, ou festa das colheitas, e a festa dos tabernáculos. O Dr. Bacchiocchi replicaria veementemente dizendo que, embora elas contenham ensinos preciosos, não são de obrigatoriedade aos cristãos modernos. Cada erudito defenderia sua tese do modo como só eles saberiam fazer e essas teses fossem publicadas na Revista Adventista.

Como nosso povo receberia essa contenda e quais os seus efeitos sobre o pensamento da congregação?

Tudo o que não condiz com os ensinos da Palavra de Deus, que é nossa regra absoluta de fé e prática, deve ser contestado e repelido. Aquilo que é repreensível segundo a luz que temos dos escritos inspirados, deve ser retrucado.

Paulo sabia dos bons efeitos das sãs doutrinas e também dos malefícios dos ensinos contrários ao Evangelho. Ele não teve escolha senão censurar Pedro por causa do seu comportamento artificial. Não era, como diz a lição, uma questão de fazer refeições com os dignitários que vieram de Jerusalém. O ato de Pedro era uma ação judaizante e escandalosa para os gentios. Era característico de acepção de pessoas, o que ele já fora advertido a não fazer mediante visão divina.

Por sua mudança comportamental, Pedro estava considerando os gentios como imundos e kelevs (cães, como ainda hoje certas alas do judaísmo o fazem). Aqueles que tinham ouvido do amor de Cristo e da fraternidade cristã ficaram perplexos. Será que esses temas não passavam de oratória hipócrita? Uma farsa bem articulada para obter apoio dos não-judeus? Ou existia mesmo a piedade prática tão enfatizada por nosso Senhor Jesus Cristo?

Deus não faz acepção de pessoas e detesta essa atitude. “Se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores.” (Tg 2:9) “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gl 3:28)

“Portanto, sendo os filhos de Deus um em Cristo, como considera Jesus as classes, as distinções sociais, a separação do homem de seus semelhantes, por causa da cor, da raça, posição, riqueza, nascimento ou realizações? O segredo da unidade encontra-se na igualdade entre os crentes em Cristo. A razão de todas as divisões, discórdias e diferenças encontra-se na separação de Cristo. Cristo é o centro para o qual todos devem ser atraídos; pois quanto mais nos aproximamos do centro, tanto mais nos aproximaremos uns dos outros em sentimento, em simpatia, em amor, crescendo no caráter e imagem de Jesus. Para Deus não há acepção de pessoas.” ME1, 259.

“A religião de Cristo eleva o que a recebe a um plano mais alto de pensamento e ação, ao mesmo tempo em que apresenta toda a família humana como sendo, semelhantemente, objeto do amor de Deus, sendo comprados pelo sacrifício de Seu Filho. Vêm encontrar-se aos pés de Jesus, o rico e o pobre, o letrado e o ignorante, sem nenhuma idéia de discriminação ou preeminência mundana. Todas as distinções terrestres desaparecem ao contemplarmos Aquele a quem nossos pecados traspassaram. A abnegação, a condescendência, a infinita compaixão dAquele que era tão exaltado no Céu, faz envergonhar o orgulho humano, a presunção e as classes sociais. A religião pura e imaculada manifesta seus celestiais princípios, levando à unidade todos quantos são santificados pela verdade. Todos se unem como almas compradas por sangue, igualmente dependentes dAquele que os redimiu para Deus.” OE, 330.

Paulo estava preocupado com divisões na igreja. “Acaso, Cristo está dividido?” (I Co 1:13). Como poderia o reino de Deus subsistir se estivesse dividido contra si mesmo? Unidade, unidade, unidade, eis a urgente necessidade.

Para ponderação – Estamos hoje fazendo acepção de pessoas na igreja que frequentamos? Tratamos todos com igual urbanidade (cortesia) ou cumprimentamos os ricos e cultos e desprezamos os pobres, ignorantes, broncos e de aparência desagradável ao “nosso refinamento”? Você e eu abraçamos, porventura, os perfumados e bem vestidos e p0spomos os não tão cheirosos e não tão alinhados? Lembremo-nos que a unidade do corpo de Cristo se faz com todos os que foram pescados pela rede do Evangelho.

A Autoridade de Paulo e o Evangelho - Comentários Lição 2

Lição 02 – 01 a 07 de outubro de 2011
(Comentários do irmão César Pagani)

VERSO EM DESTAQUE: “O que fez vocês pensarem que agora estou buscando a aprovação dos homens ou de Deus? Estou tentando agradar homens? Se quero obter a aprovação humana, nunca seria um servo de Cristo.” (Gl 1:10 – Versão de Phillips)

Por que foi escrita a epístolas aos crentes gálatas? A priori é bom que se saiba que as epístolas não ficavam em posse única dos destinatários, mas circulavam pelas igrejas cristãs já fundadas. A mensagem tinha eficácia para todos.

O motivo principal da carta é advertir os gálatas por causa dos desvios doutrinários que estavam seguindo. Já não viviam mais o evangelho pregado por Paulo, que se alicerçava na graça remissória de Deus através da vida, morte e ressurreição de Cristo, e aceita pela fé.

Depois da passagem do grande missionário pela Galácia, infiltraram-se nas igrejas judeus neoconversos que se titulavam como mestres e pregavam que Paulo não lhes dera o evangelho completo. Faltava a observância das leis cerimoniais que fizeram dos judeus os portadores da verdade. Esses pregadores queriam convencer os gálatas que só a graça de Jesus não bastava. Era preciso submeter-se à circuncisão e observar leis de purificação, oferta de manjares, holocaustos, dia da expiação e festas judaicas. Com essa dialética eles excluíam o sacrifício de Cristo e dispensavam-No como Salvador.
Os gentios ficaram confusos e caíram na esparrela judaica. Paulo os repreendeu por carta confessando sua surpresa pela mudança rápida de atitude dos gálatas. A severidade de suas palavras é acentuada quando diz que nem mesmo um anjo descido do Céu tinha autoridade para mudar o Evangelho. E aqueles que pregavam falsidades e novas interpretações deviam ser considerados malditos e excomungados da igreja. Paulo se inclui entre os opositores caso mudasse de ideia e pregasse diferentemente do que fizera no início (Gl 1:8).

A gravidade textual da epístola

“Quão diferente da maneira de Paulo escrever à igreja de Corinto, foi o caminho que ele seguiu em relação aos gálatas! Aos primeiros ele repreendeu com cautela e ternura; aos últimos, com palavras de farta reprovação. Os coríntios haviam sido vencidos pela tentação. Enganados por engenhosos sofismas de ensinadores que apresentavam erros sob o disfarce da verdade, tinham-se tornado confusos e desorientados. Ensiná-los a distinguir o falso do verdadeiro requeria cuidado e paciência. Aspereza ou descuidosa precipitação da parte de Paulo teriam destruído sua influência sobre muitos daqueles a quem ansiava ajudar

“Nas igrejas da Galácia, aberta e desmascaradamente estava o erro suplantando a mensagem do evangelho. Cristo, o verdadeiro fundamento da fé, fora virtualmente renunciado pelas obsoletas cerimônias do judaísmo. O apóstolo viu que para que os crentes da Galácia fossem salvos das perigosas influências que os ameaçavam, as mais decisivas medidas deviam ser tomadas, dadas as mais penetrantes advertências.” AA, 385.

DOMINGO - Paulo, o escritor da epístola

Paulo era um teólogo, filósofo, homem de ampla cultura, orador eloquente, escritor erudito e pensador brilhante. Embora não haja qualquer dúvida quanto à inspiração de seus escritos, o estilo literário que ele utiliza é próprio de sua intelectualidade

“Não são as palavras da Bíblia que são inspiradas, mas os homens é que o foram. A inspiração não atua nas palavras do homem ou em suas expressões, mas no próprio homem que, sob a influência do Espírito Santo, é possuído de pensamentos. As palavras, porém, recebem o cunho da mente individual. A mente divina é difusa. A mente divina, bem como Sua vontade, é combinada com a mente e a vontade humanas; assim as declarações do homem são a Palavra de Deus.” ME1, 20 e 21.

Pedro não esconde que os textos de Paulo contêm pontos “difíceis de entender”. Ele não disse “impossíveis de entender”, porquanto quem os complica são os ignorantes e inconstantes. Quem não pertence a essa classe obtusa pode, ainda que iletrado nas coisas do mundo, compreender as verdades de Deus mediante a sabedoria dada pelo Espírito. O ex-pescador galileu considerava os escritos de Paulo como parte do conjunto de escrituras inspiradas, ainda que o cânon no NT não estivesse totalmente formado naquele tempo.

“Há nas Escrituras algumas coisas difíceis de entender e que segundo diz Pedro, os indoutos e inconstantes torcem para sua perdição. Não podemos explicar nesta vida o sentido de toda passagem das Escrituras; não há, porém, pontos vitais de verdade prática, que fiquem envoltos em mistério.” CSRA, 187.

Já em sua introdução a epístola aos gálatas identifica quem a escreveu: “Paulo, apóstolo (não da parte de homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai...” Além de exibir a autoria, o texto comprova que quem o escreveu foi um homem consagrado ao apostolado por Deus Pai e Deus Filho. Como adverte Pedro, os “inconstantes”, os volúveis, os que não persistem no estudo e não querem esforçar-se por entender o sentido das mensagens, torcem a verdade para sua própria perdição.

A datação da epístola, crê-se, ocorreu entre os anos 55 e 60 a.D. Além da divisão temática que encontramos no texto da lição, há variáveis, como por exemplo: 1) Saudação e introdução. 2) Exposição argumentativa de Paulo para afirmar sua autoridade apostólica. 3) Defesa da doutrina da justificação pela fé sem o concurso das obras da Lei. 4) Avisos, ensinos e encorajamentos.

“Em sua carta aos crentes gálatas, Paulo recapitula brevemente os incidentes principais relacionados com sua própria conversão e com sua experiência cristã primitiva. Por este meio ele procurava mostrar que foi através de uma especial manifestação de poder divino que ele havia sido levado a ver e abraçar as grandes verdades do evangelho. Foi mediante instrução recebida do próprio Deus que Paulo foi levado a advertir e admoestar os gálatas de maneira tão solene e positiva. Ele escreveu, não em hesitação e dúvida, mas com a segurança de decidida convicção e absoluto conhecimento. Esboçava claramente a diferença entre ser ensinado pelo homem e receber a instrução diretamente de Cristo.” AA, 386.

É totalmente impraticável marcar uma data para a feitura da primeira coleção completa das epístolas de Paulo. Sabe-se com total segurança e respaldo de muitas provas e evidências, que a partir do final do primeiro século e início do segundo, as cartas de Paulo circulavam livremente e eram estimadas como autoritativas em doutrina. Não temos documentada a história da preservação e colecionamento das epístolas paulinas, no entanto, o processo deve ter-se iniciado cedo conforme está evidente na declaração contida em II Pedro 3:15,16, e porque tal conjunto epistolar já era considerado parte das Escrituras no final do segundo século.

SEGUNDA - O chamado de Paulo

O próprio Paulo, falando sobre os dons espirituais (ver Ef 4:11; I Co 12:28) diz que Deus concede o dom apostólico para certas pessoas na igreja. Como poderíamos entender essa dotação hoje na igreja? O que é um apóstolo moderno?

De modo muito simples podemos dizer que apóstolo é um mensageiro designado para levar a mensagem divina. Mas ele tem uma autoridade especial. Não pode haver apóstolo sem plenitude do Espírito em sua alma. Num sentido mais ampliado, o titulo de apóstolo é aplicado a pregadores eminentes. Barnabé, Timóteo e Silvano foram considerados apóstolos (At 14:14; I Ts 1:1)

Não sei se os irmãos concordam comigo, mas entendo que um apóstolo hoje é o fundador de igrejas, um conferencista que realiza grandes campanhas para difundir luz, ganhar almas e fundar igrejas. Geralmente os conferencistas são pastores comissionados pela direção da igreja de Cristo para realizar projetos de conquista de pessoas.

As saudações registradas nas aberturas das cartas de Paulo são semelhantes em: 1) Reafirmação de sua vocação e autoridade apostólica. 2) Sua nomeação diretamente feita por Deus e não pela igreja. 3) Endereçadas à igreja local principal.

No preâmbulo da epístola aos gálatas, vê-se que a carta foi endereçada “às igrejas da Galácia” (v. 2) Outro diferencial é a apresentação de Cristo crucificado, dádiva de Deus para libertação do pecado e santificação, que é a vontade expressa do Senhor.

Mas notemos que o chamado de Paulo ao apostolado foi muito diferente daquele dos 12. Nos primeiros doze apóstolos, Jesus humano foi ao seu encontro e os convidou pessoalmente para formar seu grupo. Eles foram convocados de modos diferentes: Os primeiros quatro atenderam em grupo (Pedro, André, Tiago e João). Mateus recebeu a convocação quando estava em seu gabinete de trabalho. Filipe e Natanael (Bartolomeu) vieram em dupla. Dos demais homens que completaram o quadro nada sabemos com respeito ao chamado.

O ex-fariseu teve um encontro espiritual com Cristo glorificado, isto é, em plena posse de Seus atributos que sempre teve Consigo, mas não utilizou em proveito próprio quando em carne. Foi o Sumo Sacerdote celeste que o chamou. Essa valorização notável não podia ser relevada.

Não que Paulo quisesse gloriar-se de que foi designado diretamente pelo Filho de Deus entronizado. Era necessário que sua credibilidade apostólica fosse estabelecida, para que a mensagem tivesse plenos efeitos e não fosse impedida pelos preconceitos dos ignorantes.

“Ponderando essas coisas em seu coração, Paulo compreendeu mais e mais claro a razão de seu chamado - ser um ‘apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus’. I Co 1:1. Este chamado lhe veio, ‘não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai’. Gl 1:1. A magnitude da obra que estava a sua frente levou-o a dedicar muito estudo às Escrituras Sagradas, a fim de que pudesse pregar o evangelho, ‘não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã’, ‘mas em demonstração de Espírito e de poder’, para que a fé de todos os que ouvissem ‘não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus’. I Co 1:17; 2:4 e 5.” AA, 127.

“Demais, essa igreja [de Damasco] não foi por mais tempo deixada na ignorância quanto à experiência pessoal do fariseu convertido. E agora, que a divina comissão então dada devia ser mais plenamente levada a efeito, o Espírito Santo, dando novamente testemunho a respeito de Paulo como um vaso escolhido para levar o evangelho aos gentios, impôs à igreja a obra de ordená-lo e a seu companheiro de trabalho. E enquanto os dirigentes da igreja de Antioquia estavam servindo ao ‘Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-Me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado’. At 13:2.” AA, 163.

“Entre aqueles que foram chamados para pregar o evangelho de Cristo, destaca-se o apóstolo Paulo, exemplo, a todo pastor, de lealdade, devoção e infatigável esforço. Suas experiências e instruções concernentes à santidade da obra do pastor são uma fonte de auxílio e inspiração aos que estão empenhados no ministério evangélico.” OE, 58.

TERÇA - O Evangelho de Paulo

O evangelho eterno pregado por Paulo era a mensagem de libertação e santificação mediante a dádiva de Cristo Jesus. Diz o apóstolo que foi da vontade de Deus dar Cristo à humanidade, por causa do imensurável amor que Ele nos tem. Além disso, o evangelho é de graça e paz.

Todos os seus benefícios são concedidos mediante o perdão gracioso e tendo aceitado a Jesus, o pecador recebe a paz que o mundo não pode dar. É a paz do amor, da absolvição e da certeza da bem-aventurança futura.

Quando Paulo fala de graça e paz da parte de Deus e do Senhor Jesus Cristo, está proferindo uma promessa poderosa. E a Palavra do Senhor não falha. Não se tratam apenas de votos de felicidades, mas de uma afirmação divina que traz consigo o empenho garantido de que receberemos essas virtudes emanadas do próprio Senhor dos Céus e da Terra.

A graça e a paz vieram em razão do sacrifício inestimável de Jesus. Não fosse a cruz de Cristo, jamais saberíamos o que é fruir a aprovação e a aceitação divina. É graça salvadora: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.” (Tt 2:11)

“Quando você ler o terceiro versículo de Gálatas 1, de forma alguma o tome como uma fórmula de cortesia ou uma simples saudação, mas como a palavra criadora que traz pessoalmente a você todas as bênçãos da paz divina.” Waggoner.

O erudito Archibald W. Robertson afirma que Paulo usa essa saudação promissora, embora tenha encontrado muitas faltas e pecados nos destinatários. A despeito da apostasia galáctica Deus acena com graça e paz a todos os que crerem em Sua Palavra.

Pedro também se vale da mesma expressão em sua segunda carta, capítulo 1, verso 2, acrescentando que é desejo de Deus que essa graça e paz sejam multiplicadas através do conhecimento de Deus e de Cristo.

“O senso do pecado tem envenenado as fontes da vida. Mas Cristo diz: ‘Eu tirarei vossos pecados; dar-vos-ei paz. Comprei-vos com Meu sangue. Sois Meus. Minha graça fortalecerá vossa vontade enfraquecida; o remorso do pecado, Eu hei de remover.’ Quando vos assaltam tentações, quando vos rodeiam cuidado e perplexidade, quando, deprimidos e desanimados, vos achais prestes a ceder ao desespero, olhai a Jesus, e as trevas que vos envolvem dissipar-se-ão ao brilho de Sua presença. Quando o pecado luta pelo predomínio em vossa alma, e sobrecarrega a consciência, olhai ao Salvador. Sua graça é suficiente para subjugar o pecado.

Que vosso grato coração, trêmulo de incerteza, se volva para Ele. Apoderai-vos da esperança posta diante de vós. Cristo espera adotar-vos em Sua família. Sua força ajudará vossa fraqueza; conduzir-vos-á passo a passo. Colocai nas Suas a vossa mão, e deixai que Ele vos guie.” CBV, 85.

"’Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo. Graças dou ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações; ouvindo a tua caridade e a fé que tens para com o Senhor Jesus Cristo, e para com todos os santos; para que a comunicação da tua fé seja eficaz no conhecimento de todo o bem que em vós há por Cristo Jesus.’ Fl 1:4-6. O apóstolo recordava a Filemom que cada bom propósito e bom traço de caráter que ele possuía devia-o à graça de Cristo; somente esta o tornou diferente dos perversos e pecadores. A mesma graça pode tornar o envilecido criminoso um filho de Deus e útil obreiro no evangelho.” AA, 457.

É isso que Deus deseja que nos aconteça. Que tal promessa de graça e paz seja realidade na vida. As duas virtudes estão ao alcance de todos os que quiserem.

QUARTA - Nenhum outro evangelho

O apóstolo entra diretamente no assunto principal da epístola. Ele estava inconformado com o desvio dos crentes que evangelizara com tanto amor e zelo. Não podia conter-se e aceitar passivamente a perigosa mudança. Paulo possuía um zelo mui especial pelas almas e temia por seu destino se persistissem no erro que mestres falsos introduziram na igreja.

Seus irmãos de fé estavam em perigo e ele evitou qualquer longo preâmbulo ou rodeios em sua carta. Precisava chamar o pecado pelo nome e convocá-los ao arrependimento.

Os líderes da igreja precisam munir-se dessa bravura apostólica e sem temor, a não ser o do Senhor, denunciar os pecados do povo e conclamar reformas. A não ser que façam isso, não ajuntam com Cristo, mas espalham.

Em verdade, não existe outro evangelho. Ele é um só e permanece para sempre. Os homens são maníacos para criar “outro evangelho” que não aquele que veio do Céu.

Foi uma surpresa para o zeloso apóstolo saber que os gálatas já estavam se desviando do puro evangelho para um evangelho “judaizante”, uma mescla perniciosa de evangelho com ritualismo judaico. “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.” (Rm 10:4) Tudo o que foi ensinado por mais de mil e quinhentos anos em Israel, visava a levar o povo a manifestar fé no Salvador vindouro. Jesus afirmou com autoridade que as Escrituras testificavam dEle (Jo 5:39).

Apesar de o evangelho do reino haver sido pregado aos judeus e muitos se tenham “convertido” ao cristianismo, eles não conseguiam desapegar-se do “evangelho da justiça própria”. Por certo jamais haviam entendido que, um dia, o Enviado do Céu viria e poria fim às cerimônias. O cristianismo verdadeiro seria uma sadia continuidade do real judaísmo que Deus sempre tentou ensinar ao Seu povo. A justiça sempre foi pela fé e não por formas externas.

A graça de Cristo doada na cruz era disponibilizada sem qualquer oferecimento de cordeiros e outros animais. O Cordeiro antitípico fizera um sacrifício completo. A mensagem presente era “arrependei-vos e crede no evangelho.”

A fé no evangelho era demonstrada pela aceitação de Cristo e a prática de uma vida santificada segundo o Espírito. Romanos 1:8 diz que a fé dos crentes de Roma era anunciada em todo o mundo. Tratava-se de uma fé ativa que transparecia a todos mediante a absorção das virtudes de Cristo. A fé real implica em entrega completa a Cristo, obediência às Suas palavras e testemunho do amor de Deus ao mundo.

A morte de Cristo na cruz permitiu que a graça sobreabundante de Deus descesse sobre todos. Por meio dessa teriam os homens perdão, aceitação, purificação, transformação, vida, paz, bênçãos numerosas e alegria; encontrariam o verdadeiro sentido da vida concedida por Deus.

A pior coisa que pode acontecer a um crente é ele acreditar que pode, mediante obras de justiça, comprar o favor de Deus. Esse favor já foi adquirido por Jesus. As boas obras são fruto de uma vida dirigida pelo Espírito Santo. “Senhor, Tu nos darás a paz, porque Tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras.” (Is 26:12 – VARC) Quando Paulo afirmou que não era ele mais que vivia e sim Cristo nele, quis dizer que todas as justiças que se viam em sua existência eram consequência do completo controle de Jesus sobre ele.

Em virtude da apostasia dos gálatas, Paulo não podia dar graças a Deus pelo testemunho que eles davam na região. Por causa dos falsos mestres haviam eles obscurecido a luz do evangelho e se tornado opróbrio dos descrentes.

Em seu comentário sobre Gálatas, o Dr. Waggoner escreveu: “Visto que os irmãos da Galácia estavam se separando dAquele que os chamou, e dado que é Deus quem chama misericordiosamente aos homens, é evidente que estavam desertando do Senhor. Juntar-se ou separar-se de um homem é um assunto relativamente menor, mas estar unido a Deus é algo de importância vital.

“Muitos parecem pensar que se se mantiverem simplesmente como ‘membros em situação regular com a igreja’ podem estar seguros. Porém, a única consideração determinante é: Estou eu unido ao Senhor e andando em Sua verdade? Se alguém está unido ao Senhor encontrará rapidamente seu lugar entre o povo de Deus, já que aqueles que não constituem Seu povo não tolerarão por muito tempo entre eles um zeloso seguidor de Deus.”

QUINTA - A origem do Evangelho de Paulo

“O apóstolo aconselha os crentes gálatas a considerarem cuidadosamente sua primeira experiência na vida cristã. ‘Ó insensatos gálatas!’ exclama, ‘quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado? Só quisera saber isto de vós: Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão. Aquele pois que vos dá o Espírito e que obra maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?’ Gl 3:1-5.” AA, 384.

Paulo absorvera tanto o poder do evangelho, que chegou a chamá-lo de “meu evangelho” (Rm 2:16). Propagar a mensagem da graça de Deus era a maior ambição desse homem que considerou tudo como perda por amor de Cristo.

Quando ele pregava, não estava buscando projeção pessoal, vantagens pecuniárias, fama e louvor dos homens, mas propagando o “incêndio santo” que o amor de Deus ateara em seu coração. Os judaizantes que transtornavam o evangelho queriam controlar a vida da igreja e anular a graça de Deus. Dizendo-se mestres, ansiavam o reconhecimento de sábios por parte do povo.

Acerca da circuncisão em cristãos, Paulo a combatia como não compulsória, porquanto aquele que se deixasse circuncidar era obrigado a guardar toda a lei que Cristo cravara na cruz. “De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei.” (Gl 5:3) Se assim fosse “se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará” (Gl 5:2). Em outras palavras, “Cristo não tem nenhum valor para vocês”.

Imaginemos que a voz de Paulo não se levantasse contra a heresia judaizante. Os gálatas passariam a ser prosélitos do judaísmo formal, oferecendo, ao mesmo tempo em professavam crer no todo-suficiente sacrifício de Cristo, ovelhas, cordeiros, bois, etc. A forma tomaria conta da religião cristã e essa se extinguiria em pouco tempo. Dessas formalidades, Pedro diz que serem um jugo que nem “nossos pais puderam suportar” (At 15:10).

Assim é quando a piedade prática (a vida de Cristo vivida em nós) é substituída pelas formas eclesiásticas. Se alguém se sente satisfeito apenas em assistir todos os programas e cultos da igreja, participar de concílios e acampamentos, e mesmo estar nas Conferências Gerais, está morto e ainda não descobriu. As formas têm sua validade e são instrumentalidades para o ensino da virtude cristã, mas não serão aceitas por Cristo a não ser que propulsionem à prática do amor, da justiça, da misericórdia e da pureza.

O grande apóstolo contou sua vida brevemente aos gálatas. Ele, um rigoroso adepto das formas religiosas e zeloso crente judeu, teve sua existência transformada após a visão de Cristo. O Senhor não somente Se revelou a ele, mas nele (Gl 1:16). Uma coisa é ter o Senhor externamente e outra é intimamente. Paulo conhecia bem as duas experiências.

“A conversão de Saulo é notável evidência do miraculoso poder do Espírito Santo para convencer os homens do pecado. Ele havia crido que de fato Jesus de Nazaré havia desconsiderado a lei de Deus, ensinando aos Seus discípulos ser a mesma de nenhum valor. Mas depois de sua conversão, Saulo tinha reconhecido Jesus de Nazaré como Aquele que viera ao mundo com o propósito expresso de defender a lei de Seu Pai. Estava convencido de que Jesus fora o originador de todo o sistema judaico de sacrifícios. Viu que o tipo da crucificação tinha encontrado o antítipo; que Jesus havia cumprido as profecias do Antigo Testamento, concernentes ao Redentor de Israel.” AA, 120.

Como o evangelho é eterno (Ap 14:6), ele o foi para Adão, Abraão, Israel, Davi, para os profetas, os apóstolos e os crentes primitivos. Esse é o nosso evangelho que temos a propagar ao mundo na poderosa mensagem do primeiro anjo. O mesmo zelo exigido de Paulo é-nos requerido também. Clamemos pelo Espírito Santo para que Ele nos dê o evangelho do bravo apóstolo, com todo o seu poder convertedor. Amém.
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